sábado, dezembro 23, 2006



Declamando Penúltima, com Thadeu Wojciechowski
de anjo direito, na noite do aniversário do poeta
Marcos Prado.


PENÚLTIMA


como posso agora estar alegre?
era de se esperar que eu desesperasse
talvez mais tarde eu desintegre
entre o penúltimo e o último gole do último porre
e leve ao meu lado os que me seguem

sim
perdi a razão do que eu achava e do que eu acho
mas aprendi que o céu é mais embaixo
ainda não sei o quanto dei
e tantas quantas amei
ainda não sei ao certo se eu errei


Marcos Prado


Um comentário:

Anônimo disse...

Para Voce declamar em dia mais pachorrento... sorriso
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MEMÓRIAS


Remexo
na caixa onde guardo
os trastes já velhos
da minha memória,
à procura
do vulto difuso
da mulher que um dia
amei sem glória....

Estremecem os dedos...
Encolhe-se o braço...
Despertam segredos
naquilo que faço....

Desfolho
as folhas quebradas
dum livro que li
um dia, com pressa...
E vejo
que, nas entrelinhas,
existia mais
do que simples promessa...

Enevoa-se a mente...
Os olhos, cerrados...
Muito lentamente,
desfilam passados...

Escuto
as notas perdidas
dum canto de amor
sem qualquer melodia...
E sei
que os sons relembrados
podiam ter sido
uma sinfonia...

Desperta a tristeza...
Uma lágrima cai...
Fica só esta dor
que nunca se esvai...

Arrumo
os trastes que guardo
na caixa já velha
da minha memória...
E fico
nesta solidão,
fria, enregelada,
de tão triste história...

O sono regressa...
Cada vez mais profundo...
Enchendo, sem pressa,
de nada, o meu mundo...

MAGALHÃES PINTO - Portugal - 1999