É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: "É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser".
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: "É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser".
Baudelaire
tradução de Jorge Pontual
6 comentários:
(trad. 22 Jan ’07... rev. 23)
Inebriai-vos
É preciso estar sempre ébrio. Tudo aí está: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que vos esmaga os ombros e vos empurra para a terra, é preciso inebriar-vos sem trégua.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, ao vosso agrado. Mas inebriai-vos.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, sobre a erva verde de uma vala, na morna solidão do vosso quarto, acordardes, o inebriar já diminuído ou desaparecido, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo que geme, a tudo que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio vos responderão: “É hora de se inebriar! Para não ser escravos martirizados do Tempo, inebriai-vos; inebriai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, ao vosso agrado.”
Passei pra um chá. Beijos.
oi. vi seu comentário no polaco, e desaguei aqui. tenho um blog de poemas (linkado a meu nome), publiquei um livro e faço teatro no pé no palco. adoraria uma visita sua ao meu blog. abraços.
http://www.claudiobettegaemcena.blogger.com.br
nossa! sou colega de turma do chico e muito amigo. fiz a peça com ele ano passado, ele atéme substiuit nas três últimas apresentações, quebrei o pé. em verdade, fundiram nossos personagens. adoro o chico. ele tem meu livro, peça pra ele te mostrar. obrigado pela visita. beijo.
E destes arroubos extrair as linhas para bordar a vida.
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