Soneto
Eu preciso de música que flua
nas pontas finas, frágeis dos meus dedos,
nos meus lábios amargos de segredos,
com melodia líquida e nua.
Ah, a antiga ginga sã e crua
de uma canção que aos mortos dê guarida,
água que me cai sobre a testa erguida,
o corpo febril, um brilho de Lua!
A melodia pode enfeitiçar:
magia calma, respiração pura,
um coração que afunda no abandono
da mansa, escura imensidão do mar
e flutua pra sempre na verdura,
amparado no ritmo e no sono.
Elizabeth Bishop
tradução de Jorge Pontual
Eu preciso de música que flua
nas pontas finas, frágeis dos meus dedos,
nos meus lábios amargos de segredos,
com melodia líquida e nua.
Ah, a antiga ginga sã e crua
de uma canção que aos mortos dê guarida,
água que me cai sobre a testa erguida,
o corpo febril, um brilho de Lua!
A melodia pode enfeitiçar:
magia calma, respiração pura,
um coração que afunda no abandono
da mansa, escura imensidão do mar
e flutua pra sempre na verdura,
amparado no ritmo e no sono.
Elizabeth Bishop
tradução de Jorge Pontual
3 comentários:
A poesia de Bishop é que hipnotiza.
intenso poema.
não sabia que havia traduções dele no Brasil, conhecia o original =)
(trad. 29 Jan ’07)
Estou Carente de Música
Estou carente de música que se derramaria
Sobre meus desinquietos, delicados dedos,
Meus lábios tintos de amargura, e segredos,
Com profunda, clara, líquida e lenta melodia.
Oh, da antiga e recatada, curativa harmonia,
Da canção para os mortos cantada sem pressa,
Uma canção caída como água na minha cabeça,
E sobre frágeis membros, radiante de sonho e alegria!
Há uma magia que a melodia faz sem engano:
Um feitiço de repouso, e calmo respirar, e ameno
Coração, que se afunda por entre cores de outono
Na suavidade subaquática do oceano,
E paira para sempre num lago verde e sereno,
Suspenso nos braços do ritmo e do sono.
ótima versão da bishop,por si mesma
sempre excepcional.
romério rômulo
romerioromulo@hotmail.com
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