sábado, dezembro 31, 2005

L'excessive




Je n'ai pas d'excuse,
C'est inexplicable,
Même inexorable,
C'est pas pour l'extase,
c'est que l'existence,
Sans un peu d'extrême,
est inacceptable.

Je suis excessive,
J'aime quand ça désaxe,
Quand tout accélère,
Moi je reste relaxe.

Je suis excessive,
Quand tout explose,
Quand la vie s'exhibe,
C'est une transe exquise.

Y'en a que ça excède, d'autres que ça vexe,
Y'en a qui exigent que je revienne dans l'axe,
Y'en a qui s'exclament que c'est un complexe,
Y'en a qui s'excitent avec tous ces "X" dans le texte

Je suis excessive,
J'aime quand ça désaxe,
Quand tout accélère,
Moi je reste relaxe
Je suis excessive,
Quand tout explose,
Quand la vie s'exhibe,
C'est une transe exquise, (ouais).

Je suis excessive,
J'aime quand ça désaxe,
Quand tout exagère,
Moi je reste relaxe
Je suis excessive,
Excessivement gaie,excessivement triste,
C'est là que j'existe.
Pas d'excuse ! Pas d'excuse!


Parole et chanson
CARLA BRUNI

_______________

Vale dar uma sacada em Los excessivos http://losexcessivos.blogspot.com/ blog de Virna Teixeira e Jair Cortés

terça-feira, dezembro 20, 2005

ESFARELA SIM




coração de pedra
não esfarela
atire a primeira pedra
essa e aquela
e aquarela e lagosta nela

água mole em pedra dupla
tanto bate até que duas

canhão e manteiga
legião estrangeira
chuva de areia


Marcos Prado e Sérgio Viralobos
- o blues é meu.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Goodbye Yellow Brick Road




Nesta rua, nesta rua, tem um bosque
Que se chama, que se chama Solidão
Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Que roubou, que roubou meu coração

Se eu roubei, se eu roubei teu coração
É porque tu roubaste o meu também
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
É porque eu te quero tanto bem

Se esta rua, se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Para o meu, para o meu amor passar


* sem créditos

sexta-feira, dezembro 09, 2005

TUDO PODE SER DITO SE FOR BENDITO


Maiakowski (1925)


Lílitchka
(em lugar de uma carta)


Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto -
um capítulo do inferno de Krutchônikh.
Recorda -
atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração - aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele
trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mas a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa ?

Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa.


Vladmir Maiakowski
(1893-1930)

terça-feira, dezembro 06, 2005

PRA MIM QUE, SEGUNDO AS MAIS RECENTES PESQUISAS, TERIA UMA IDÉIA EQUIVOCADA SOBRE O AMOR OU AINDA PIOR, NÃO SABERIA AMAR DIREITO - COISA COM QUE ESTOU PRESTES A CONCORDAR POIS, AFINAL DE CONTAS, UM DIA, O PULSO PÁRA



O DONO DA FARRA


meu coração é só uma bomba de sangue
mas como todo motor,
um dia entra em pane.

mesmo a paixão um dia se recusa
e como todo em todo amor,
um dia o sangue suja.

meu coração não funciona direito
mas como todo bom ator,
ventriloquo que fala de amor,
dubla a batida do peito.

estúpida máquina falsária !
pode ser a dona da farra,
mas seja como for,
um dia o pulso pára.


letra de marcos prado e sérgio viralobos
música do ferreira executada pelo
BEIJO AA FORÇA




O PRAZER DO DIFÍCIL


O prazer do difícil tem secado
A seiva em minhas veias. A alegria
Espontânea se foi. O fogo esfria
No coração. Algo mantém cerceado
Meu potro, como se o divino passo
Já não lembrasse o Olimpo, a asa, o espaço,
Sob o chicote, trêmulo, prostrado,
E carregasse pedras. Diabos levem
As peças de teatro que se escrevem
Com cinqüenta montagens e cenários,
O mundo de patifes e de otários,
E a guerra cotidiana com seu gado,
Afazer de teatro, afã de gente,
Juro que antes que a aurora se apresente
Eu descubro a cancela e abro o cadeado.

William Butler Yeats
Tradução: Augusto de Campos


THE FASCINATION OF WHAT'S DIFFICULT


The fascination of what's difficult
Has dried the sap out of my veins, and rent
Spontaneous joy and natural content
Out of my heart. There's something ails our colt
That must, as if it had not holy blood
Nor on Olympus leaped from cloud to cloud,
Shiver under the lash, strain, sweat and jolt
As though it dragged road-metal. My curse on
[ plays
That have to be set up in fifty ways,
On the day's war with every knave and dolt,
Theatre business, management of men.
I swear before the dawn comes round again
I'll find the stable and pull out the bolt.

1910



Poema do falso amor


O falso amor imita o verdadeiro
Com tanta perfeição que a diferença
Existente entre o falso e o verdadeiro

É nula. O falso amor é verdadeiro
E o verdadeiro falso. A diferença
Onde está? Qual dos dois é o verdadeiro?

Se o verdadeiro amor pode ser falso
E o falso ser o verdadeiro amor,
Isto faz crer que todo amor é falso

Ou crer que é verdadeiro todo amor.
Ó verdadeiro Amor, pensam que és falso!
Pensam que és verdadeiro, ó falso Amor!


Dante Milano