sexta-feira, julho 30, 2004

Dai-me a serenidade necessária ...

Hoje acordei cedo, coloquei Lodger pra tocar, tomei meu primeiro baldinho de café preto sem açúcar e mal tinha acendido o primeiro Lucky Strike (vou parar, vou parar) quando a minha visita chegou. Uma amiga chamada Vilma Chiara, uma das mulheres mais admiráveis dentre as que já tive o prazer de conhecer. Do alto dos seus 70 anos e lá vai pedrada, Vilma é lépida, ágil, ultra lúcida e super pilhada. Seus olhinhos parecem duas bolas de gude acesas, soltando chispas inteligentes. A danada é uma das grandes autoridades em Antropologia do país, pós doutorada em Harvard e viúva de um dos nossos melhores etnólogos, Harald Schultz. E para minha extrema sorte, mora na rua de cima, além de ser muito solícita. Sentamo-nos as duas para resolver um pepino que me incomoda há alguns meses e que para mim parecem séculos. Uma maldita carta para uma certa istituição que por ora, prefiro não comentar, até que os resultados se façam valer. Sei que por causa da presença de Vilma, eu, que ando apartada dos estudos de mitologia indígena, fui obrigada a abrir uns arquivos aqui. E me deparei com algumas personagens do imaginário indígena que se mostraram assanhadas, quase pulando de dentro do livro, loucas para aparecer. Aí estão algumas felinas indígenas, então. Divirtam-se, enquanto eu, já cansada disso tudo, vou meditar seriamente em me preparar para ser, algum dia, uma mulher como essa tal de Vilma Chiara - buááá ... adeus Lodger, Lucky Strikes e os indefectíveis baldinhos de café.

Zoe
p.s.: há que se crescer um dia, superar os ritos de iniciação pubertária. Vilma tem uma palestra e um artigo publicado que especula as raízes antropológicas e as correlações simbólicas do "ato de fumar" com os antigos mitos do fogo e passagens bíblicas. Nem contra, nem a favor, muito pelo contrário. Eu é que ando tossindo demais.

2 comentários:

Ivan disse...

"Superar os ritos de iniciação pubertária..."

Meu coração peterpânico pulsa
nunca jamais em tempo algum.

(No meu bolso uma carteira de luckies
geme para que eu os fume:
não é muita coincidência?
Eu costumo comprar oliúde,
mas ontem foi o golpe de sorte:
aliás, você sabe por que essa marca
foi chamada de lucky strike?
Um dia eu conto.)

Eu ia escrever alguma coisa,
mas os parênteses desviaram minha atenção.

Depois eu volto.

*sai tropeçando nas 28 patas*

Ivan

Zoe de Camaris disse...

comprei o tal ziban. começo amanhã. é certo que quando o remédio começar a fazer efeito - e fará - vou precisar mudar tooooodos meus hábitos, inclusive o pior deles que é ficar sentada aqui, na frente dessa tela infernal ... ivan, vou lhe passar o texto da vilma na próxima vez que nos encontrarmos. vale a pena.

besos