quinta-feira, agosto 12, 2004

A PANTERA


No Jardin des Plantes, Paris




Seu olhar, de tanto passar pelas grades,
se gastou: não se prende a mais nada.
Para ela, só existem mil grades, e atrás
das mil grades o mundo todo acaba.

O ritmo macio e forte do seu movimento,
girando em círculos cada vez menores,
é uma dança de energia até um centro
onde estão paralisadas vontades enormes.

Raramente, ela descerra em silêncio
o véu da pupila - uma imagem vivaz
entra pela mansidão do corpo tenso,
mergulha no coração, e se desfaz.


Rainer Maria Rilke

Versão brasileira: Ivan Justen Santana

Um comentário:

Ivan disse...

Nesse meio tempo encontrei mais duas traduções desta pantera, uma de geir campos e outra de josé paulo paes. um dia desses eu te mando: nada que assuste muito a minha belezura (inclusive dá pra ver que o augusto chupou uma solução fácil para a rima final [então com coração] do josé paulo), mas o geir, como bom parnasiano retrô geração de 45 dá um show de contorcionismo sintático pra respeitar métrica e rima que vale a pena observar. Eu não me agüento...