I
Vivia dizendo que eu parecia uma pantera.
Que o andar, que os olhos. Eu
deitava a cabeça no seu colo e miava baixinho.
II
Vivia dizendo que eu parecia uma pantera.
Que o andar, que os olhos.
E eu me apanterava toda para agradá-lo.
III
Vavia dizendo. Mas só acreditei no dia
em que, saltando do armário,
cravei-lhe os dentes na carne e o devorei.
Marina Colasanti
"Zooilógico"
3 comentários:
É... É assim mesmo: um dia a gente devora quem ama - de irritação, de desencanto, de puro cansaço...
Beijo.
Debby
ou de fome mesmo, debby ... :)
tem vezes que acabamos espelhando de tal forma o desejo do "outro" que só mesmo a devoração recupera a nossa integridade. antropofagia.
só a antropofagia nos une.
zoe
Oba! Devoremo-nos! Manifesto antropófago individual: artigo 1: sou vegetariano, portanto só comerei mulheres vegetarianas; artigo 2: caso alguma espécime do outro gênero quiser me comer tem que tentá-lo debaixo pra cima.
*sai se mijando de rir, debaixo das vaias da torcida adversária*
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