segunda-feira, setembro 06, 2004

Dar Nome Aos Gatos

Dar nome aos gatos é uma questão difícil,
Não é nenhum jogo de férias;
Podeis pensar que sou doido varrido
Quando vos digo que um gato deve ter TRÊS DIFERENTES
NOMES
Antes de mais nada, há o nome que a família emprega diariamente,
Tal como Peter, Augustus, Alonzo ou James,
Tal como Victor ou Jonhatan, George ou Bill Bailey -
Todos eles sensatos nomes de todos os dias
Há nomes de maior fantasia se achais que soam melhor,
Alguns para cavalheiros, alguns para as damas:
Tal com Plato, Admeteus, Electra, Demeter -
Mas todos eles sensatos nomes de todos os dias
Mas, digo-vos eu, um gato precisa de um nome que seja particular,
Um nome que seja peculiar, e mais dignificado,
Senão, como pode ele manter a cauda perpendicular,
Ou estender os bigodes, ou encarecer o orgulho?
De nomes como Muskustrap, Quaxo ou Coricopat,
Tais como Bombalurina, ou então Jellylorum -
Nomes que nunca pertencem a mais do que um gato
Mas, mais acima e mais além, falta ainda outro nome,
E esse é o nome que jamais adivinharéis;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir -
Quando se vê um gato em profunda meditação,
A razão, digo-vos eu, é sempre a mesma:
O seu espírito está em ávida contemplação
Do pensamento, do pensamento, do pensamento do seu nome:
do seu inefável efável
Efaninefável
Profundo e incontável singular Nome.


T. S. Eliot
p.s.: alguém pode me confirmar se essa é a tradução do Marco Luchesi?

Um comentário:

Ivan disse...

talvez apenas o próprio marco luchesi possa, ou nem ele. você com seus enigmas, zoey... pois é, voltei: vou te mandar dois poemas do eliot com gatos (parece que ele escreveu só quatro: pode me confirmar isso?)

mas prepare-se para o asparagus e também para o firefrofidle, the fiend of the fell (fanhofarofino, a fera do mafuá, na bela versão brasileira de ivo barroso, mestre dos mestres da tradução)

não perdam