segunda-feira, outubro 04, 2004

Mulher e Gata



Ela brincava com a gata
E era admirável ver as duas,
A branca mão e a branca pata,
Brincando à noite, na penumbra.

Ela escondia - a celerada ! -
Sob as mitenes de fio escuro
As assassinas unhas de ágata,
Claras, cortantes, como um gume.

Fingia-se a outra adoçada
E retraía a garra afiada,
Mas o diabo nada perdia...

E no toucador retinia
O som de aéreas gargalhadas
E quatro pontos fosforesciam.


Paul Verlaine (1844-1896)
p.s.: dedico esse belo poema de Verlaine para minha irmã, Maria Tereza e para minha amiga Adalgisa, a dona de Deus.

Um comentário:

Anônimo disse...

Momento após o outro as facetas felinas são refletidas em tuas palavras, apenas para moverem-se de volta à sombra... Sentimos o sabor, o calor. E quando a compreensão quer adentrar, o mistério puxa-a de volta com um sorriso nos mistérios, e no hiato da espera de revê-la, em um futuro incero. Lindo bailar, Zoe.
Beijos e minha devoção.