A Cabeça de Jochannan - Cronópio segurando o Sol
O CANTO DOS CRONÓPIOS
por Julio Cortázar
Quando os cronópios cantam suas canções preferidas, ficam de tal maneira entusiasmados que freqüentemente se deixam atropelar por caminhões e ciclistas, caem da janela e perdem o que tinham nos bolsos e até a conta dos dias.
Quando um cronópio canta, as esperanças e os famas acorrem a ouvi-lo embora não compreendam muito seu arrebatamento e em geral se mostram um tanto escandalizados. No meio da roda o cronópio suspende seus bracinhos como se segurasse o sol, como se o céu fosse uma bandeja e o sol a cabeça do Batista, de forma que a canção do cronópio é Salomé nua dançando para os famas e as esperanças que ali estão boquiabertos e perguntando-se se o senhor padre, se as conveniências. Mas como no fundo são bons (os famas são bons e as esperanças bobas) acabam aplaudindo o cronópio, que se recupera sobressaltado, olha em redor e começa também a aplaudir, coitadinho.
3 comentários:
Bravo, Zoe!
Ah, ninguém bate o cronópio Cortázar, coitadinho: eu se me identifico quando toco um violãozinho assim numa roda de hippies notívagos...
ai ai, Julio Cortázar ...aquele homem grande, forte e escrevendo daquele jeito. Cruz credo. Dá até medo de tão bom que é. Cronópios e Famas é meu livro de cabeceira. E meus sonhos vivem recheados de esperanças, as malditas esperanças.
beso, Ivan
Zoe: para saber de que matéria são feitos os meus sonhos leia minha postagem de ontem: você bem que podia contar seus sonhos por aqui...
*boceja (com vontade de sonhar) coça a orelha e pula fora*
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