sexta-feira, dezembro 03, 2004




SERPENTES DE ÁGUA
de Gustav Klimt


Também as cores
amanhecem, também elas
acordam com os galos
da madrugada e cantam
a explosão do sol. Algumas
são água pura. A outras
o pincel conferiu-lhes
o rubor que se esconde
na nervura
de certas folhas. Outras,
ainda, festejam
o nascimento
da alegria. Ou do amor,
tanto faz. Ou não fosse ele
uma festa. Podem
chamar-lhe Judith,
Salomé: apenas dizem
os outros nomes
da serpente.


Albano Martins
(1930)

(in «A Voz do Olhar»,
Edições Universidade
Fernando Pessoa, 1998)

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