
SERPENTES DE ÁGUA
de Gustav Klimt
Também as cores
amanhecem, também elas
acordam com os galos
da madrugada e cantam
a explosão do sol. Algumas
são água pura. A outras
o pincel conferiu-lhes
o rubor que se esconde
na nervura
de certas folhas. Outras,
ainda, festejam
o nascimento
da alegria. Ou do amor,
tanto faz. Ou não fosse ele
uma festa. Podem
chamar-lhe Judith,
Salomé: apenas dizem
os outros nomes
da serpente.
Albano Martins
(1930)
(in «A Voz do Olhar»,
Edições Universidade
Fernando Pessoa, 1998)
Nenhum comentário:
Postar um comentário