quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Havia uma lâmpada de cobre


Magic Mirror / Paul Klee


Havia uma lâmpada de cobre
Que ardia há muitos anos
Havia um espelho encantado
Onde se via o rosto
O rosto que íamos ter
No leito dourado da morte
Havia um livro de couro azul
Onde cabiam céu e terra
A água o fogo os treze mistérios
Uma ampulheta fiava o tempo
Com sua agulha de pó
Havia uma pesada fechadura
Que filava dura mordedura
Na porta de carvalho espesso
Fechando a torre para sempre
No quarto redondo a mesa
A abóbada de cal a janela
De vidro debruados a chumbo
E os ratos marinhavam pela hera
Em volta da torre de pedra
Onde o sol já não chegava

Era realmente horrivelmente romântico


BÓRIS VIAN
(Editora Assirio e Alvim, Coleção Rei Lagarto/Lisboa)

Um comentário:

Ivan disse...

Belo horrorosamente.

Só faltou colocar o nome do(a) português(esa) que traduziu essa beleza de Bória (o pequeno Bóris) Vian (um anagrama do meu nome):

agora em estilo Yoda:

lindo poema também você postou em resposta aos meus humildes versinhos:

foi algo feito

atirei uma pedra n´água
de pesada foi ao fundo
e a zoey então mandou
outra pérola pro mundo

e os peixinhos retrucaram
viva el rei dom joão segundo

e o mostrengo não disse nada.