Armonia/Alejandro Puga
Meu primeiro contato com o Surrealismo se deu pelo caminho mais óbvio: as telas de Salvador Dali, os relógios moles, o dorso nu de Gala e suas inúmeras malas. As Confissões Inconfessáveis. Luis Buñel na Cinemateca, Un Chien Andalou. Mais Buñel, sempre Buñuel. Em Ouro Preto, edição da Tipografia do Fundo, uma pequena coletânea de poemas traduzidos. Robert Desnos, o dorminhoco genial. Benjamim Peret e o Amor Sublime. E, claro, André Breton. Leituras desencontradas, pedaços de música pairando na pedra. O Tarot de Marselha no Surrealismo. Ué, poetas consagrados levam em conta sistemas divinatórios? A turma toda se reúne para bolar um Jogo de Tarot? Enquanto isso, na Universidade, os bambambans torcem o narizinho empinado quando uma aluna mais louquinha resolve estudar o barroco mineiro identificando símbolos e alegorias tarológicas nas igrejas. Na academia das letras (abecedê) nunca leram Italo Calvino. Bem, lá se vão os tempos em que estas coisas realmente me irritavam. Hoje, sorrio com descaso quando converso com alguns partidários do cientificismo besta. Outro exemplo de grassa ignorância, é quando gentilmente postava um ou outro poema numa lista destinada a discutir ocultismo e algum bruxo de esquina me vinha com a pertinente observação: - Ô Zoe de Camaris, isso aqui é lista de magia !! Das primeiras vezes, até respondia. Hoje, já nem posto. Pérolas aos poucos, já dizia Marcos Prado. Então, por essas e outras, aproveitando que meu blog depois de quase um ano conquistou alguns leitores, vamos ao que interessa. Os poemas.
Coloquei um arquivo sonoro com a voz de Breton recitando L'Union Libre, poema de 1930, em que a Deusa comparece mais bem vestida que nas visões de Apuleio. A tradução vem a seguir, assim que eu e uma boa turma de amigos dedicados (você está convidado) conseguirmos chegar a uma primeira solução.
Zoe
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