domingo, junho 03, 2007

MARLY DE OLIVEIRA (1938 - 2007)

uma pantera quando exala
não vai para o céu ou o inferno
troca a pele pelo silêncio
que acorda entre o dia e a noite
e dorme no instante que separa
a noite do dia

ali paira:

feito um veneno doce
uma palavra suspensa
um hálito quente
como era de costume
fora da jaula

a morte nunca desconhecerá a morte



Zoe de Camaris

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MARLY DE OLIVEIRA (1935 - 2007)


Morreu no Rio de Janeiro, aos 69 anos, a poeta Marly de Oliveira, viúva do imortal João Cabral de Melo. Marly estava internada na Clínica São Vicente, na Zona Sul do Rio há dois meses, e faleceu na noite da última sexta-feira de falência múltipla dos órgãos. Ela será sepultada no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, às 17h, deste sábado.

Marly já havia sido internada em fevereiro, no Hospital Samaritano. De lá, fora transferida para a clínica São Vicente, onde chegou a fazer um transplante de fígado, mas não resistiu. Autora de 15 livros, a poeta venceu o prêmio Jabuti, em 1998, com "O Mar de Permeio". Marly de Oliveira deixa duas filhas: Mônica e Patrícia Moreira.

(Globo Notícias)

Nascida em Cachoeiro do Itapemirim- ES, fez seus primeiros estudos em Campos dos Goytacazes - RJ. Poeta e professora de língua e literatura italianas e de literatura hispano-americana. Publicou, entre outros, os livros: Cerco da Primavera (1957), Explicação de Narciso (1960), A Suave Pantera(1962), A Vida Natural e O Sangue na Veia (1967), Contato e Invocação de Orpheu (1975), O Mar de Permeio(1998) e Uma vez, sempre (2000).

Veja uma mostra de seus poemas no
Jornal de Poesia

Um comentário:

Anônimo disse...

Ontem, depois de ver esta notícia, reli alguns versos (não os poemas completos) de 'O Mar de Permeio', único livro que tenho da autora agora falecida. No texto de apresentação impresso na badana ('orelha'?), Marly terminava dizendo, cito de cor: "Com a pretensão de não ter medo da morte". Assim seja.